Haddad já prepara discurso para segundo turno

Depois que obteve sucesso na estratégia de ser rapidamente identificado como o escolhido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para disputar a presidência da República, o que lhe garantiu subida significativa nas pesquisas, Fernando Haddad se prepara para uma nova etapa da campanha: ampliar apoio para um já provável segundo turno contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. É por isso que, nos últimos dias, ele tem falado na necessidade de “pacificação” do país.

Até aqui, Haddad falou, primeiramente, para a militância petista, de modo a engajá-la na sua campanha. Ainda que com desconfianças dentro do próprio partido, ele conseguiu afinar seu discurso e aproximá-lo do tom da leganda. No segundo momento, que começou na propaganda eleitoral já como candidato do PT à Presidência, ele mirou no eleitor petista, sobretudo os beneficiados pelos programas sociais do PT. A subida na pesquisa confirma a transferência de votos de Lula para ele.

Agora, começa uma terceira etapa: a de se preparar para o segundo turno e, ao mesmo tempo, fazer acenos aos partidos de modo a abrir caminho para assegurar a governabilidade, caso vença as eleições. A estratégia da campanha e a de trazer a imagem pessoal de Haddad para a propaganda eleitoral – alguém que fez a vida como professor universitário e visto com capacidade de negociação com outros setores da sociedade e também na política.

Por isso, nos últimos dias ele voltou a falar em unidade das esquerdas, superando criticas anteriores feitas no período em que buscava se afirmar na corrida eleitoral. Um dos objetivos, aqui, e o de fazer acenos a Ciro Gomes, com quem ainda disputa a segunda vaga no segundo turno. Se ultrapassar Ciro, Haddad poderá se valer de um amigo para abrir o diálogo com o candidato pedetista. O professor Mangabeira Unger, importante conselheiro de Ciro e seu amigo pessoal.

Também na oposição ao PT, Haddad tem amigos. No PSDB, e importante interlocutor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os dois conversas sistematicamente, mas em encontros privados. No entanto, uma nova conversa com o ex-presidente só ocorreria caso vença as eleições e não no período da campanha. Um encontro dos dois não seria assimilado pela militância petista e poderia abrir uma crise dentro de sua campanha.

Fonte: G1