DESPERTAR A MEMÓRIA: Fantástico da TV Globo escancara a calamidade das escolas de Codó na gestão do ex-prefeito Zito Rolim

CODÓ NO FANTÁSTICO

No Maranhão, as condições mostradas foram da zona rural de Codó, o sexto maior  município do Estado, com média de transferência do Fundeb que chegou ano passado à R$ 64.977.137,00 ano passado.

Foi de Codó a história de André e Eduardo, chamados de meninos vaqueiros que ajudam os pais pela manhã e andam 35 minutos até à escola no período da tarde. É daqui a professora que aparece na reportagem dando boas-vindas à sua classe debaixo de uma escola caindo aos pedaços.

‘São guardados do lado esquerdo do meu coração, então sejam bem-vindos mais este ano que nós temos aqui pra trabalhar, pra melhorar, pra ver nossos acertos”, disse carinhosamente a educadora.

UM GRANDE CORAÇÃO EM BERALIZ

A Escola Municipal Divina Providência, fica no povoado  Beraliz, região da Trizidela, cujo proprietário é o simpático idoso que apareceu para o Brasil, seu Deusdet (com T MUDO no final com fez questão de se apresentar à equipe da TV Globo quando fora entrevistado).

 Ele revelou que a escola foi criada oficialmente em 1965 e lembrou até o nome do prefeito da época. Nesta data foi apenas ‘criada’, autorizada a funcionar, porque na localidade nunca foi erguida uma escola pela Prefeitura do município.

A resposta dada à pergunta feita pelo repórter do Fantástico refere-se somente ao tempo em que ela funciona onde foi mostrada, na ex-residência dele e de sua família.

Na entrevista o proprietário também disse o motivo de  nunca  ter desistido de manter a Divina Providência aberta, mesmo, como na atualidade, correndo o risco de desabar sobre as crianças por causa da fragilidade de suas paredes rachadas e úmidas.

“QUANTO TEMPO ESSA ESCOLA TÁ ASSIM, DO JEITO QUE TA AQUI HOJE, ASSIM? Já tá com mais de 15 anos”

“Quando tá gotejando, eu vou tiro a goteira, agora esse ano eu ia fazer essa parede de Tijolo, mas ainda não fiz…O QUE LEVA O SENHOR A CUIDAR DESSA ESCOLA? É o espírito de humanidade pros filhos dos meus moradores não se criarem analfabetos”, respondeu Deusdet Oliveira Matos aos repórteres

A CALAMIDADE EM AMPARO

Escola do AMPARO por fora (mostrada na reportagem)

Escola do AMPARO por fora (mostrada na reportagem)

A reportagem mostrou que para uma escola ser considera ELEMENTAR, ou seja, do mais baixo nível de aceitação, precisa ter:

  • ELEMENTAR – ÁGUA, banheiro, esgoto, energia elétrica e cozinha ( 44,5% no país apresentam estas condições mínimas)
  • ADEQUADA – Sala dos  professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva e parque infantil, acesso à internet e máquina de cópias
  • AVANÇADA – Além de tudo isso, e mais laboratório de ciências e instalações para estudantes com necessidades especiais (só 1.100 são avançadas no Brasil, num universo de 195.000 escolas).

As codoenses que foram mostradas na reportagem da TV Globo não podem ser classificadas nem como ELEMENTARES. Não oferecem nem o mínimo do mínimo exigido, disse Tadeu Schimidt.

A Nossa Senhora do Amparo, que fica no povoado de mesmo nome, funciona num casebre abandonado, pequeno, apertado, sem janelas, coberto de palha de babaçu, com três quadros negros para o multisseriado e um filtro de barro com velas sujas cuja imagem é mostrada rapidamente quando o assunto é água.

“O piso da escola não é adequado para este tipo de carteira porque as carteiras, como você pode ver, é um cano então elas afundam no chão e aí tem aluno que até cai, aí chora, devido o chão batido, aqui é uma subida, lá é uma descida…DESNÍVEL TOTAL? É, porque aqui era uma casa de moradia, era uma pessoa que morava aqui, aí montou essa escola aqui pra eles”, reclama a professora, Rosa Cunha, na matéria

Escola do Amparo por dentro

Escola do Amparo por dentro

Para mostrar que nem banheiro existe, o Fantástico perguntou como a professora e os alunos fazem para aliviar as necessidades fisiológicas. Todo mundo usa o mato.

COMO É QUE FAZ O ALUNO PARA IR AO BANHEIRO? Os meninos vão para detrás da escola e as meninas do outro lado, assim também como a professora também, porque nós não temos banheiro….A SENHORA USA O MATO?Também”, responde

A escola da brava e disposta professora Rosa não tem energia elétrica. “Quando chove fica escuro…NÃO TEM LUZ?  Tem não, não tem luz”, disse

Na Nossa Senhora do Amparo merenda também é um grande problema, segundo a reportagem nacional.

‘Geralmente a merenda só aparece de maio à junho, geralmente é nesse período que a merenda aparece”, disse professora Rosa

Noutra escola, mais a frente, outra educadora reforça a triste realidade.

 custa chegar e quando vem a gente lá com uma vizinha aqui que me ajuda demais e aí a gente faz a merenda dessas crianças, quando não eles comem frutas da estação”, revelou professora Maria dos Anjos

MAIS DESCASO NA REGIÃO

A falta de água potável nas escolas de Codó também foi escancarada.

“Pra beber água a gente pega água com a dona da terra, pego uma garrafa de água e trago pra cá, porque também tá faltando filtro”, diz a professora  Eliete na matéria

Outro problema denunciado foi o secular ensino multisseriado – quando uma só professora dá aulas para alunos de diversas séries num mesmo ambiente.

“Eu sempre começo pela educação infantil que ainda tá aprendendo a coordenação motora, faço primeiro. Aí vou pro outro que já tá lá no quarto, quinto ano”, revela uma codoense sofredora

NOTA DA PREFEITURA

A produção do Fantástico conseguiu uma nota oficial da Prefeitura de Codó, produzida pela secretária de Educação, Rosina Benvindo, e pelo secretário de Governo Ricardo Torres. Lendo-a, o apresentador do programa, Tadeu Schmidt,  disse:

“A prefeitura de Codó, no Maranhão, diz em nota que vem melhorando a infraestrutura das escolas rurais. Afirma que nos últimos 5 anos foram construídas e equipadas 150 novas salas de aula e que está prevista a construção de mais 28 escolas no próximos dois anos”, concluiu

Fonte: Acélio