“O Nordeste é exportador de dignidade”, diz Lula ao reivindicar direitos no Recife

Esperado por 200 mil pessoas, segundo a organização do evento, o ex-presidente Lula foi conduzido pela cirandeira Lia de Itamaracá ao palco do Festival Lula Livre, que ocorre desde o início da tarde deste domingo (17) no Recife (PE).

Em um discurso emocionado, ele relembrou e agradeceu todo o apoio e solidariedade que recebeu nos 580 dias em que ficou preso na superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). “Eu hoje sou um homem melhor que aquele que entrou na cadeia”, afirmou. Agradeceu também aos artistas e organizadores do festival e aos Comitês Lula Livre espalhados pelo país. “Agradeço a cada mulher e cada homem que tiveram a coragem de cantar por liberdade nesse país”.

Lula aproveitou a oportunidade para agradecer também a Fernando Haddad (PT) por sua candidatura nas últimas eleições e falou da necessidade do acesso a educação e a cultura pelo povo brasileiro. 

“Na lógica desses canalhas, pobres e negros não podem ter acesso a universidade. Cultura pra eles é coisa de comunista, e para nós é coisa de libertação. Um país sem cultura e educação não vai a lugar nenhum. Eu fui criado por uma mãe e um pai analfabetos e eles me deram uma coisa que a elite brasileira não aprendeu nos bancos da universidade que é caráter e dignidade”. 

“Quero que a elite brasileira saiba, nós não queremos mais ser tratados como cidadãos de segunda categoria. A gente não se contenta mais com a teoria de que é melhor pingar do que faltar. A gente não quer mais morar, comer, vestir, estudar mal, queremos tudo de bom nesse país porque somos nós que produzimos”, acrescentou.

Nordeste

O ex-presidente, que é pernambucano, nascido no município de Garanhuns (PE), falou sobre a região. “Esse povo do Nordeste aprendeu a comer três vezes ao dia, a ter água, a ter emprego. O Nordeste é exportador de dignidade e queremos ser tratados em igualdade de condições. Não somos párias da sociedade”.

Lula também prometeu seguir “lutando a cada minuto para libertar esse país da quadrilha de milicianos que tomou conta do Brasil. Ninguém fará com que eu pare de lutar, para garantir que os nossos filhos vivam uma vida melhor do que a nossa”.

Chamando o cantor Siba e mestres de maracatu pernambucanos que o sucederiam no palco, Lula se despediu na multidão dizendo, “na democracia, o show não para”.

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