
A gestão do prefeito Chiquinho Oliveira parece ter feito uma escolha ousada: em vez de seguir a Constituição, a Lei de Acesso à Informação e as recomendações dos órgãos de controle, optou por trilhar o caminho da opacidade. O episódio mais grave, até agora, foi a desativação do Diário Oficial do Município, uma medida que escancara o desprezo pela transparência e desafia, com um certo ar de deboche, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e o Ministério Público (MP).
Antes da misteriosa “desaparição” do Diário Oficial, tanto o Tribunal de Contas do Estado (TCE) quanto o Ministério Púbico (MP) já haviam notificado formalmente a Prefeitura de Codó para que regularizasse a transparência institucional com urgência. O motivo? Simples (e vergonhoso): não há lista de servidores, não há divulgação de contratos, não há qualquer publicação sobre os gastos mais básicos da administração. Ou seja, o cidadão codoense sabe menos sobre sua própria cidade do que um turista que caiu aqui por engano.
A recomendação dos órgãos era clara como água de nascente: restabelecer a publicidade dos atos, garantir o acesso à informação e respeitar os princípios constitucionais da administração pública. A resposta da gestão? Nenhuma. Ao contrário, preferiu desligar o que restava da transparência e seguir na contramão da legalidade, como se governar uma cidade fosse questão de vontade pessoal — e não de dever público.
Especialistas em Administração Pública informaram que a conduta do prefeito pode configurar ato de improbidade administrativa com dolo comprovado, já que as notificações foram ignoradas de forma consciente e reiterada. Caso se confirme a intenção deliberada de burlar a lei, Chiquinho Oliveira pode ganhar um título inédito — mas nada honroso: o primeiro prefeito de Codó a ser condenado por improbidade dolosa. Não é exatamente o tipo de legado que se sonha deixar para a história.
E como desgraça pouca é bobagem, o episódio ainda expõe o abismo técnico da atual assessoria da Prefeitura,mostrando despreparo. Falta articulação, sobra improviso, e o que deveria ser uma gestão pública virou um teatro mal ensaiado, em que a transparência ficou fora do elenco.
A ausência do Diário Oficial compromete diretamente atos como licitações, nomeações, contratos, decretos e portarias, tornando a fiscalização popular praticamente impossível. Em pleno século XXI, com legislação clara e instituições atuantes, Codó parece andar para trás — e de olhos vendados.
Com a omissão do prefeito, o acúmulo de representações no TCE e no MP e o completo desprezo pelas leis mais básicas da administração pública, a responsabilização judicial é apenas questão de tempo. E se a improbidade com dolo for confirmada, Codó entrará para os livros — mas não nos capítulos que orgulham uma cidade.