A primeira Licenciatura Interdisciplinar em Estudos Africanos e Afro-brasileiros do país foi criada pela Universidade Federal do Maranhão e reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) com a nota 4, em uma escala de 1 a 5, o equivalente ao conceito “Muito Bom”.
A avaliação deu notável relevância a itens como organização didático-pedagógica e corpo docente recebendo o conceito máximo na escala do MEC.
Segundo a coordenadora da Licenciatura, Kátia Régis, os avaliadores ressaltaram a importância do curso como ferramenta na luta contra o racismo e pela igualdade étnico-racial.
“O reconhecimento pelo MEC mostrou um dos resultados na luta da população negra para garantir o acesso ao conhecimento consistente acerca da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira nos currículos das Instituições de Ensino Superior (IES). Os avaliadores enfatizaram a excelência do Projeto Político-Pedagógico do curso, a organização didático-pedagógica, a atuação da coordenação e dos docentes, a internacionalização, a inovação e a interdisciplinaridade obtida por meio de ações coletivas em torno dos eixos interdisciplinares”, ressaltou.
Segunda ela, a integração com a educação básica também foi muito elogiada, com o realce às Semanas Interdisciplinares de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, realizadas periodicamente, às Práticas de Ensino como Componente Curricular (PECCs) das disciplinas do curso, aos projetos Residência Pedagógica, ao Pibid, e à integração com a Secretaria de Estado da Educação do Maranhão (SEDUC-MA). Dessa parceria, resultou o Termo de Cooperação Técnico-Científica, que viabilizou o trabalho de campo em Cabo Verde de 61 estudantes e que possibilitará a formação de 500 professores maranhenses este ano.
A coordenadora, frisa ainda, que a luta por melhor infraestrutura nas universidades federais brasileiras “deve ser permanente, num contexto de diminuição de recursos que têm prejudicado o pleno desenvolvimento das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão das IES”.
O professor Carlos Benedito Rodrigues da Silva, um dos proponentes da Licenciatura, enfatiza a grande satisfação com o curso, apesar de seu curto tempo de existência e todas as demandas impostas para sua consolidação.
“Essa avaliação nos traz a certeza do comprometimento social e político desta Licenciatura, no que tange a um projeto político-pedagógico voltado para a superação das práticas esterilizantes ainda presentes no processo de formação dos profissionais da educação no país, seja do ponto de vista da sala de aula ou da gestão administrativa”, revela.
Na condição de coordenador do Núcleo de Estudos Africanos e Afro-brasileiros (Neab-UFMA), o professor Carlos Benedito acrescenta que, após a ótima avaliação do MEC, é dever da comunidade acadêmica o cumprimento dos objetivos do Núcleo.
“Para o Neab, se por um lado essa avaliação com a nota 4 nos envaidece, apresenta-se também como uma exigência de fortalecimento de nossos objetivos nas ações de combate aos preconceitos diversos e, principalmente, ao racismo, que ainda compõem os currículos das diversas áreas de conhecimento”, enfatiza.
Já o professor da Licenciatura e editor da Kwanissa-Revista de Estudos Africanos e Afro-Brasileiros, Sávio Rodrigues, falou do reconhecimento do curso e da nota alcançada no atual contexto brasileiro que demarca uma posição na UFMA, em sua luta contra o racismo e em busca por uma universidade que cumpra seu caráter público e de qualidade.
“É importante salientar que o curso é uma iniciativa que responde às demandas de grupos que passam por processos de exclusão num dos estados mais negros da federação, mas que tem embutido, na reprodução de suas sociabilidades, um racismo estrutural que deve ser combatido também no seio das políticas públicas, em que o curso e a Universidade estão atuando diretamente”.
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